Super Mario 64: Um sucesso que não tem história e nem coadjuvantes verdes.

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Por Thiago Mattos

Meados de 1996 e a Nintendo lança seu primeiro jogo totalmente em 3 D, tal marco histórico só poderia vir com um jogo do Mario, aquele que por sorte quase todos sabem qual é, afinal de contas quando pensamos em bigode ele é um dos quatro elementos que vem a cabeça, talvez junto com Hitler, Chaplin e Freddie Mercury (risos).

Super Mario 64 tinha uma responsabilidade dupla, ao mesmo tempo que abria a era Nintendo 64, o jogo precisava manter o elevado padrão de vendas que a saga Mario ostentava e ostenta até hoje. Ambos os objetivos foram alcançados, 15 fases muito diversificadas e uma jogabilidade alucinante e sem precedentes tornam a diversão garantida, diversão essa que rendeu 11 milhões de cópias do jogo pelo mundo, fazendo com que Super Mario 64 atingisse o topo de vendas do Nintendo 64.

Divertido e viciante, esse é o principal resumo que se pode fazer do jogo. O início consiste na Princesa Peach convidando Mario para comer um bolo em seu castelo. Quando o encanador chega, percebe que o rei dos Koopas, o famigerado réptil Bowser roubou as 120 estrelas do castelo e deu um sumiço na princesa, agora cabe a Mario recuperar ao menos 70 dessas estrelas, derrotar Bowser e fazer a princesa aparecer. Além desse enredo fraquíssimo, outra coisa que pode decepcionar os fãs de Super Mario World é a ausência de Luigi e a participação discreta de Yoshi que apenas  aparece para oferecer vidas infinitas quando você termina a aventura.

Para uma criança que não está se importando com a história e nunca jogou Super Mario World o jogo é perfeito, no entanto, para pessoas que levam vídeo-games um pouco mais a sério, Super Mario 64 é um jogo que não traz grandes sentimentos, é apenas o “melhor passatempo da história”. O argumento de que é um jogo voltado para crianças não é válido, pois a maioria dos jogos da Nintendo são jogados majoritariamente por crianças e ainda assim possuem enredos interessantes, as próprias sequencias de Mario 64 como Mario Sunshine e principalmente Mario Galaxy possuem uma trama decente.

Portanto, se trata de um game pra se jogar tranquilo e descompromissado, para se deleitar com pulos, saltos mortais, voos alucinantes e arremessos de Bowser sem se preocupar com o sentido disso tudo. Se o parnasianismo é a arte pela arte. Mario 64 é o jogo pelo jogo. A escola literária tem poemas belíssimos, que se for parar pra pensar, não mudam em nada a nossa vida, assim como o game, não há dúvidas de que é um jogaço, mas não enriquece o nosso viver. Super Mario 64 seria o jogo favorito de Olavo Bilac.

Nota: 9.0 (não é nem porque o enredo é fraco, é porque não tem enredo!).

O primeiro vídeo é o início do jogo, o segundo é a “sensacional” recompensa por terminá-lo, um beijo no nariz e um bolo especial.

 

Sombras da Noite: mais do mesmo

Por Juliana Fernandez

Um dos grandes lançamentos do mês de junho, Sombras da Noite (Dark Shadows no original), será lançado no Brasil na próxima sexta-feira, mas está em cartaz a mais de um mês – a estreia aconteceu no dia 11 de maio – nos Estados Unidos. Mesmo ainda não sendo exibido, o filme já pode ser encontrado pelo publico brasileiro através de meios mais… Ilícitos, por assim dizer. A oitava parceria entre o diretor Tim Burton – mais famoso por sua excentricidade, menos por seus fãs xiitas – e o ator Johnny Depp – tão excêntrico quanto o diretor, e com mais fãs “radicais” ainda –, trás de volta tudo que já conhecemos da dupla, para todo bem e todo mal.

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Moto Hagio

“Aquilo que você viu agora a pouco é o que sobrou das minhas asas… O que sobrou das asas que foram arrancadas de mim”.

Meu encontro com Moto Hagio se deu no começo do ano passado. Estava cheia dos mangas vazios que andava lendo e querendo experimentar algo mais clássico. Depois de ouvir tantas boas recomendações da sua obra, resolvi ler online a história cuja sinopse me chamara a atenção. Foi amor à primeira vista.

Hagio faz parte do grupo que revolucionou o manga para garotas na década de 70, o chamado “Grupo de 24”. Até então o shoujo manga ousava pouco e seguia certo padrão – histórias de amor, princesas e colegiais.

Nascida em 12 de maio de 1949 na província de Fukuoka, a autora demostrou interesse em quadrinhos desde pequena. Como contou em entrevista na Comic-con, o maior evento de quadrinhos americano, recebeu resistência dos pais quanto a se tornar mangaka, especialmente de sua mãe, que dizia ser este um trabalho vulgar. Mas Hagio não desistiu e em 1969 publicou sua primeira história, um one-shot titulado Lulu & Mimi. Mas sua fama veio em 1972, com a sua primeira história longa, Poe no Ichizoku. Nela havia os elementos que iriam ser conhecidos como shonen ai, o romance entre garotos, termo cunhado pela própria Hagio, junto da também genial Keiko Takemiya (Kaze to Ki no Uta).

Um ano depois iniciou a produção de O Coração de Thomas, que viria a ser uma das obras mais conhecidos da autora. A história se passa no início do século 20, em um internato católico para meninos no interior da Alemanha. Nela, o Thomas do título se suicida, deixando uma carta para Juli, por quem nutria um amor aparentemente não correspondido. Pouco tempo depois chega um aluno transferido chamado Eric, de aparência quase idêntica à de Thomas, deixando todos da escola atônitos.

A forte caracterização dos personagens e modo sério como lida com assuntos polêmicos são um dos pontos fortes da autora, além do uso do “Show, don’t tell“, ainda que seus mangás normalmente tenham grande quantidade de texto.  Como no manga favorito desta que vos escreve, Zankoku na Kami ga Shihai Suru (Um deus cruel reina), considerado por alguns uma versão darker and edgierde Thomas. Jeremy, o protagonista, encontra-se vítima de chantagem e abuso sexual de Greg, novo marido de sua mãe. Incapaz de livrar-se da situação e emocionalmente destruído, ele arquiteta um plano para matar o padrasto em um acidente de carro. Porém tudo dá errado quando a vida de sua mãe também é tirada no acidente. Toda a situação acaba despertando as suspeitas de Ian, filho de Greg, que acaba descobrindo o lado sujo de seu pai. Em Zankoku na Kami o detalhamento psicológico amplamente utilizado por Moto Hagio atinge seu ápice, trazendo sequências que são inesquecíveis, seja pela carga emocional ou pelo horror sofrido por Jeremy.

 Hagio continua na ativa e novembro de 2011 iniciou a história curta Juu Jikan (Dez Horas), uma adaptação do romance homônimo escrito por Houseki Shousetsu. Suas influências vão de Tezuka à Asimov e Philip K. Dick. Seu amor pelo sci-fi a levou escrever A, A’, Juuichi nin Iru (Eles eram onze) e outros. Com mais de 50 volumes encadernados publicados, a quantidade de mangás licenciados no Ocidente é ínfima. Além das duas mencionadas acima, há a antologia A Drunken Dream and Other Stories e Four Shoujo Histories. Na Itália foram lançados Poe no Ichizoku e Juuichi nin Iru. Aparentemente essa situação está para mudar com o lançamento de o Coração de Thomas nos Estados Unidos marcado para setembro de 2012 e o evento Planète Manga na França, que reuniu Moto Hagio e Keiko Takemiya. E no Brasil? Nada até agora. Mas vamos com fé.

Os registros musicais de La Blogothèque

Por Juliana Fernandez

Sempre houve uma estreita relação entre imagens e sons. Para se ter uma ideia, uma pessoa retém apenas 20% da informação que ele ouve e 30% da que ele apenas vê, mas quando a informação contém áudio e imagem, a porcentagem de retenção aumenta para 50%. Não é de se estranhar que um produto audiovisual pode ser tão poderoso, principalmente quando bem executado. E foi isso que o jornalista francês Christophe Abric (conhecido como Chryde) fez.

O La Blogothèque foi criado em 2003, mas só estourou três anos depois, quando Chryde propôs uma maneira diferente de compartilhar música ao também francês Mathieu Saura (conhecido como Vincent Moon, que além de vários projetos com o R.E.M., já fez documentários sobre Arcade Fire e Beirut, só para citar alguns). Inicialmente filmando artistas não tão conhecidos do grande publico em lugares parisienses aleatórios, seus Les Concerts à emporter/Take-Away Shows ficaram famosos e hoje não se restringem apenas à Paris, sendo filmados em várias cidades do mundo, incluindo São Paulo.

Se no cinema a música é muitas vezes é vista como adorno, nos vídeos do La Blogothèque o que acontece é o oposto, a mensagem a ser passada é a musica, ela é o principal. A fotografia linda de morrer é apenas o adereço de canções igualmente lindas. Em uma época na qual videoclipes fazem propaganda de produtos eletrônicos (tente lembrar de quantos clipes aparecem algum celular recém-lançado), entre os artistas que já se apresentaram nos Take-Away Shows, estão os já citados Arcade Fire, Beirut e R.E.M., e além deles estão também Phoenix, The National, Sigur Rós, Vampire Weekend e muitos outros (até agora foram disponibilizados mais de 280 shows).

Com uma iniciativa genial e simples em sua essência, o La Blogothèque oferece registros musicais que são encanto para os olhos e ouvidos, tudo à distância de um clique.

“Papa Don’t Preach”: eu revolucionei a música pop!

Por Felipe Albuquerque

Se me perguntarem o que eu entendo por “revolução”, ainda que eu não responda isso, na minha mente logo vem a imagem de uma explosão, que, repentinamente muda o curso da história ou muda padrões que se repetiam enfadonhos. Pra ser ainda mais sincero e abstrato – qualé, galera, coisas da minha cabeça – imagino uma explosão de cores, em meio a uma escuridão. Isso parece um pouco otimista demais, visto que nem toda revolução, ao menos olhando para o passado, tenha sido feita para “o bem”, para iluminar e “colorir” – mas isto, com certeza, não se refere ao assunto de hoje.

Caso o título já não tenha sido suficientemente elucidativo, aí vai uma foto do tema sobre o qual trataremos:

Ainda não reconheceu este rostinho? Bem, caso você não tenha nascido na década de 70, ou não seja fã e tenha buscado levantar a biografia dela ou, ainda, seja péssimo fisionomista – como eu, rs – é compreensível que não se lembre de ter visto este rosto, exatamente como é na imagem acima, na sua TV LED 42 polegadas. Isso por um simples motivo: essa artista começou sua carreira há um bom tempo – e, a meu ver, esse tempo todo lhe fez muito bem – e esta foto é justamente do início. Mas vamos continuar com nosso “pinte o 7”. Hum, a próxima imagem deixará tudo mais claro. Esse sutiã criado por Jean-Paul Gaultier foi utilizado pela cantora na turnê Blond Ambition Tour, tornando-se uma de suas marcas registradas.

Ah, agora o 7 já está mais do que pintado! É claro que estamos falando dela: Madonna – ou Madge para os mais íntimos-. Com 30 anos de carreira, ela já lançou 12 álbuns, correu o mundo com 9 turnês, vendeu mais de 300 milhões de discos e é reconhecida pelo Guiness World Records com a artista musical feminina mais bem sucedida de todos os tempos.

Diante de tamanhos feitos, falar de sua carreira consistente, de sua qualidade musical e dos incríveis números e recordes alcançados pela cantora, não corresponde a minha alçada – até porque, isso é inquestionável e eu passaria muito tempo discorrendo detalhadamente sobre tudo isso. Meu objetivo aqui é invocar algumas consequências e não somente causas que possam retratar o porquê de Madonna ser considerava a “Revolução colorida” a qual me referi no início deste post.

            “If you wait too long you’ll be too late! Tick, Tock! Let’s go!”

Um dos pontos em que Madonna merece todos os louros foi a luz que a artista deu a um racismo mascarado, no entanto, ainda existente principalmente nos Estados Unidos, palco de conflitos segregacionistas que chegaram a dividir o país em torno da questão da escravidão. Com o clipe de Like a Prayer (1989), em que há cruzes em fogo, num primeiro momento temos a impressão de que a maior polêmica é simplesmente fundada em si, numa provocação à Igreja Católica. No entanto, a proposta de tratar de religião e racismo, comparando o tabu do amor inter-racial à perseguição a Cristo, vai além da “heresia”. As cruzes queimando em Like a Prayer remetem à Ku Klux Klan, que talvez seja o mais famoso grupo racista nos Estados Unidos.

Embora a ascensão e queda desse movimento tenha durado 130 anos na história, o espectro de seu ódio, inicialmente dirigido a todos os negros americanos, perdurou e passou a incluir os judeus, os católicos, os homossexuais e os imigrantes, inspirando outras formas e grupos de perseguição. Mais tarde ela voltou a trazer essa imagem marcante, envolvendo contrastes de cores e o racismo, como pode ser visto em Secret (1994), onde ela é a única branca em cena e simula romance com um negro. Notamos que a figura do negro é muito recorrente ao seu lado, seja dançando em sua turnê, seja atuando em seus clipes, o que foi e ainda é muito importante para reafirmar ideias de igualdade racial, humana, dentro da sociedade.

Para além das minorias, Madonna agiu como uma representante de si mesma, das mulheres, incitando-as a usufruírem de seus corpos da maneira que lhes convier. Abaixo, transcrevo um trecho da entrevista dada pela autora do livro Madonna– A Biografia do Maior Ídolo da Música Pop, Lucy O’Brien à revista Rolling Stone, em 2008.

              Madonna mostrou que as mulheres podiam manter o poder e o controle de seus negócios. Viu que sexo era lucrativo e foi além, quebrando tabus. Embora no início parecesse ser apenas mais um ídolo fútil, logo virou esse conceito de ponta-cabeça e passou a parodiá-lo. Muitos admiram sua coragem e vontade de assumir riscos. Ela não se preocupa com a aprovação dos outros, e para muitos que acreditam que é preciso se reprimir para ser aceito, isso é algo inspirador. Também é uma artista que promoveu uma visão multirracial e de apoio à cultura gay. Trabalhou duro em campanhas contra a aids nos anos 80, quando a doença ainda não era tão conhecida. E, com tudo isso, expandiu os limites do que significa ser uma estrela pop. Também subverteu os estereótipos sexistas porque sempre transmitiu mensagens de poder e controle; abordou assuntos polêmicos como sadomasoquismo e masturbação. Hoje muitas a imitam, como Kylie, Britney e Christina, mas sem entendê-la realmente. Arrancar as roupas e dizer que você é poderosa não é o bastante. Se não faz algo diferente com isso, acaba caindo na mesma velha exploração sexual que já conhecemos.

 Mais que nos unir em torno de sua imagem, Madonna proporcionou aos seus fãs uma união social, psicológica e, até mesmo física, numa época em que os tabus encalacravam o indivíduo, ensurdecidos por ideais de individualidade e silencio, ainda que mascarados; não importando se eles fossem mulheres, negros, gays, vadias e/ou marginalizados, eles sempre poderiam encontrar no centro, no seio, algo que os firmava fisicamente no chão, ao passo que os levava à evasão através da música: Madonna.

Constantemente se reinventando, a artista sempre ofereceu ao público uma nova faceta, uma nova possibilidade de catarse. Em MDNA podemos acompanhar exatamente essas diversas nuances: desde a furiosa letra de Gang Bang à luminosa, doce e poética trilha sonora do filme W.E, Masterpiece.

Por falar em Gang Bang, fecho esse post com a sugestão dessa música que pra mim é uma das melhores de MDNA – certamente a melhor pra fervilhar o PACULT nas pistas, rs. “Like a bitch out of order”, até breve.

The Legend of Zelda: Ocarina of Time. O grande divisor de águas dos games

Por Thiago Mattos

The legend of Zelda: Ocarina of Time é o quinto jogo da franquia Zelda, o primeiro integralmente em 3D. Lançado em outubro de 1998, vendeu cerca de 9 milhões de cópias no mundo inteiro, isso sem contar os remakes para Game Cube e mais recentemente para Nintendo 3DS. Ocarina of Time recebeu em quase todas as críticas especializadas, notas 10 ou muito perto disso.

Existem vários aspectos revolucionários no game e por incrível que pareça, o fato dele ser 3D é o menor deles. Com um enredo complexo e extenso, o jogo na época se tornou disparado o que demandava mais horas para se terminar, sendo que se você quisesse desvendar todos os segredos do reino de Hyrule, no mínimo dobre essas horas. A jogabilidade e suas inovações serviram de base para todos os outros jogos da saga que sucederam Ocarina. A principal delas é o sistema Z targeting, no qual se torna possível travar a mira em inimigos, isso torna as batalhas muito mais elaboradas e com várias alternativas, sendo necessário: calma, estratégia e habilidade para se sair vitorioso em confrontos épicos. A trilha sonora feita por Koji Kondo é um absurdo de perfeição, ela consegue transmitir todas as emoções possíveis em forma de música, sem contar no salto gráfico, que para a época foi gigantesco.

Ainda existem curiosidades e polêmicas sobre o jogo. Na América do norte, Zelda foi classificado como livre, já em outros países como o Brasil, recomenda-se que crianças com menos de 10 anos não tenham contato com o game, indicação na qual eu concordo, tudo culpa não só da trilha, mas dos efeitos sonoros produzidos por Kondo, especialmente em locais como o Shadow Temple, onde há caveiras por todo lado e um inimigo chamado ReDead, que traumatizou a infância deste que vos escreve (risos), esse zumbi solta um grito estridente toda vez que avista Link (você). A comunidade muçulmana também não gostou da música do Fire Temple, pois incluía cantos dessa religião, justamente num local cheio de fogo, que remete ao inferno. Um dos escudos de Link possuí um símbolo muçulmano (Lua com estrela), talvez pra compensar, nunca se sabe. O fato é que na versão do jogo que a maioria das pessoas tem, os cantos muçulmanos foram removidos e na versão do Game Cube o escudo foi modificado. Aqui abaixo, um link para os curiosos pesquisarem a respeito.

http://www.google.com.br/search?btnG=Pesquisar&hl=pt-BR&tbm=isch&ct=mode&cd=2&biw=1366&bih=643&q=Mirror%20Shield%20Zelda.

Uma pequena sinopse do jogo: Link e Zelda passam por vários desafios para impedir que Ganondorf pegue o Triforce. A oportunidade do malvado surge quando Link alcança a espada mestra, seu corpo de criança é selado por 7 anos até  que se torne um homem. O Sacred Realm fica aberto e Ganondorf consegue seu objeto de desejo, contudo por ser indigno de tal façanha, o triforce se separa em 3 partes: Ganondorf fica com power, Zelda com wisdom e Link com courage. Agora o vilão precisa reunir os outros dois para unificar seu poder. Enfim, devido a todas as características apresentadas. The legend of Zelda: Ocarina of Time, é um forte argumento na luta pelo reconhecimento de jogos de vídeo-game enquanto obras de arte. Pois se trata de uma obra-prima sem precedentes na humanidade. Um jogo que simplesmente não envelhece, exatamente como quadros de grandes pintores, castelos projetados por grandes arquitetos e clássicos do cinema.

Nota: 10. (quem achar que merece menos tem que justificar muito competentemente)

Vídeos:

Música do Fire Temple.

 

Música do Shadow Temple.

 

Batalha do Forest Temple.

 

Prometheus: próximo à perfeição

Por Juliana Fernandez

Há 33 anos, o filme Alien ajudou a formar o que hoje chamamos de ficção cientifica. Dirigido por Ridley Scott – que dispensa apresentações –, o longa-metragem foi sucesso de publico e critica, concretizando um gênero e alavancando a carreira de seu diretor. Como a maioria dos sucessos, houve sequencias: o ótimo Aliens (lançado em 1986, dirigido por James Cameron), o mediano Aliens 3 ( de 1992, direção de David Fincher) e mais três filmes, sendo os últimos dois uma parceria com a franquia Predator.

No inicio da década passada, Scott e Cameron desenvolveram ideias para um novo filme da franquia, dessa vez uma prequel (uma sequencia cuja história pertence ao passado cronológico da saga).  Porém, a 20th Century Fox preferiu outro projeto, o longa-metragem Alien vs. Predator (lançado em 2004, dirigido por Paul W. S. Anderson), que mesmo com as criticas negativas, viria a ter uma sequencia – Alien vs. Pretador: Requiem, dirigido pelos irmãos Strause e lançado em 2007. Durante esse tempo, Cameron desistiu da prequel e investiu em outros projetos, um deles era uma ideia antiga, um script de 1995 que se tornou um filme chamado Avatar.

Em 2009, a 20th Century Fox voltou a desenvolver o projeto, e como da vez anterior, Ridley Scott demonstrou interesse. O projeto em questão é o longa-metragem Prometheus, lançado na America do norte semana passada – por algum motivo, no Brasil apenas pré-estreou na mesma data –, dirigido por Scott, sendo um dos filmes mais aguardados do ano, em um ano cheio de estreias esperadas (já tivemos os ótimos Vingadores e Jogos Vorazes, ainda teremos o novo Homem-Aranha, o ultimo Batman de Nolan e a primeira parte de O Hobbit).

O elenco de Alien e o de Prometheus, uma diferença de três décadas nas quais a tecnologia avançou como nunca antes.

A história se passa em 2089, quando os arqueólogos Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan Marshall-Green, aparentemente o gêmeo perdido do também ator Tom Hardy) encontram determinado padrão em pinturas antigas. O padrão é, na verdade, um mapa estelar para um planeta distante, que pode conter informações sobre a origem do ser humano. Bancados pelas indústrias Weyland, eles viajam até o tal planeta em uma nave que se chama… Isso mesmo, Prometheus. Na mitologia grega, Prometeu é um titã que roubou o fogo de Zeus e o deu aos mortais, sendo severamente punido por tal ato, o que pode se aplicar aos tripulantes da espaçonave (curiosamente, existe outra nave de mesmo nome na série Stargate SG-1).

A primeira coisa que se nota no filme é sua beleza estética, que é de tirar o fôlego. O superestimado 3D é muito bem utilizado e durante as duas horas e cinco minutos do longa-metragem, não houve um segundo sequer no qual os efeitos visuais, a fotografia, o figurino e a maquiagem decepcionaram. Visualmente perfeito. Os efeitos sonoros são excelentes e dão o tom necessário nas diversas cenas de suspense do filme.

Os atores também não desapontam. Noomi Rapace – a Lisbeth Salander da primeira e ótima versão de Os Homens Que Não Amavam As Mulheres –, está muito bem como Shaw, sendo a protagonista, posto que já foi ocupado por Sigourney Weaver. Sua boa atuação é visível em várias cenas, porém, seu melhor é a do – por falta de nome melhor – parto. Seu medo, repulsa e dor chegam a infectar o expectador. Charlize Theron – quase tão bem quanto em Branca de Neve e o Caçador, que ainda está nos cinemas e que resenhei aqui – interpreta Meredith Vickers, que a principio parece ser apenas a monitora enviada pelas indústrias Weyland, entretanto se mostra ser muito mais que isso ao longo do filme.

Já Michael Fassbender – famoso pelo papel de Magneto em X-Men: Primeira Classe e sua parceria com o diretor Steve McQueen – rouba a cena como o androide David, que cuida da espaçonave durante a viagem até o planeta e tem uma curiosa fascinação pelo filme Lawrence da Arábia, chegando a imitar o visual de Peter O’Toole. É notável a transformação da personagem, que aos poucos começa a desenvolver aspectos humanos – neste ponto, ele se distancia dos androides da franquia Alien e se aproxima dos retratados em Blade Runner, também dirigido por Scott – , e acaba por secretamente colocar a tripulação em risco. Guy Pearce, Idris Elba e Logan Marshal-Green tem boas atuações, mas são eclipsados pelos três atores principais a maior parte das vezes, e algumas pelo próprio rumo que a história toma.

Peter O’Toole em Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia no original, de 1962) e Michael Fassbender em Prometheus (2012).

Em certo momento do filme, o visual da personagem de Rapace lembra muito Milla Jovovich em O Quinto Elemento, entretanto, se existe um filme que Prometheus realmente presta homenagem, este é o já citado Alien de 1979. Mesmo com diretor, roteiristas e produtores tentando afastá-lo do clássico do fim da década de setenta, as semelhanças vão desde personagens até cenas clássicas.

Milla Jovovich em O Quinto Elemento (The Fifth Element, de 1997) e Noomi Rapace em Prometheus (2012)

Prometheus tinha tudo para ser – e talvez seja –, o melhor filme de ficção cientifica lançado nesse inicio de milênio (talvez melhor até que Avatar, que é visualmente lindo, mas de um roteiro medíocre comparado à grandiosidade do resto), se não fosse o roteiro. Primeiro escrito por Jon Spaihts – roteirista do ruim The Darkest Hour, de 2011 – e depois aprimorado por Damon Lindelof – escreveu o roteiro de Cowboys&Aliens, mas ficou famoso por escrever e produzir a série Lost. Talvez seja o ultimo o responsável pelo resultado um tanto insatisfatório.

Ao contrário dos demais longa-metragens da franquia, Prometheus é o primeiro a não dar ênfase na personagem Xenomorph ( o alien que os filmes se referem nos títulos), e o mistério do filme gira entorno do Space Jockey ( aqui chamado de Engenheiro), que no primeiro Alien aparece ao fundo, como um grande exoesqueleto humanoide em uma cadeira gigante. As questões surgem aos poucos…Quem era o Engenheiro? O que aconteceu com ele? De onde ele veio? E a principal questão: de onde nós viemos?

Elas não são respondidas, e quem conhece o trabalho de Lindelof, fãs de Lost ou não, sabem de certa mania dele enquanto roteirista: criar questões e deixá-las sem resposta. Não sei se ele tem enorme dificuldade em amarrar pontas soltas ou apenas gosta de fazer o expectador de idiota, não me importa, entretanto é de se esperar mais do roteiro de um filme que levou tanto tempo em sua pré-produção.

O fim do filme – que chegou a me agradar, apesar de tudo – dá a entender que haverá uma continuação, que não é o Alien dirigido por Scott. Só nos resta esperar e depois ver se as duvidas foram respondidas ou não no próximo (ou próximos, no plural mesmo) filme.

Com a direção afiada de Ridley Scott, Prometheus é praticamente impecável, valendo cada centavo gasto no ingresso. Agradará não só os fãs de Alien, mas também os fãs do bom cinema, um daqueles filmes que você assiste mais de uma vez, sempre saindo extasiado da sala de cinema.

Nota: 9.0

O filme teve uma grande campanha publicitária, com vídeos virais ótimos. Abaixo está o meu preferido, que introduz o personagem David (Fassbender) e logo em seguida sua paródia, Joel (interpretado por Joel McHale, para o “The Soup”).

E alguns dos posters feitos por fãs, um caso no qual o fanart ficou melhor que o pôster original.

E para quem já assistiu:

O maravilhoso mundo dos Vocaloids

Se você acha que Vocaloid é uma boneca 3D com longas marias-chiquinhas azuis que canta e dança, está enganado. Os shows são apenas uma pequena parte do fenômeno.

TODOS os Vocaloids existentes até agora. Autor: Kaisuki

Vocaloid é um programa sintetizador vocal lançado pela Yamaha em 2004. O produto é basicamente um banco de voz que, uma vez acessado pelo software já instalado, é controlado por sílabas, fazendo com que o programa “cante”. O primeiro banco de voz lançado foi Leon, depois Lola e Miriam, todos com suporte para inglês. A primeira Vocaloid japonesa foi Meiko e o segundo Kaito. A fama veio, porém com Hatsune Miku em 2007, da série V2, visivelmente mais humana e compreensível que seus antecessores. Ela é até hoje o personagem mais popular. Depois do sucesso de Miku anunciaram-se mais personagens, além da entrada de novas empresas no ramo. No final de 2011foi lançada a série V3. Se Miku parecia para muitos puro auto-tune, a série V3 veio pra mostrar que eles estão mais humanos do que nunca

Claro que tentar explicar o por que do sucesso dos sintetizadores é impossível sem citar também o site Nico Nico Douga. Quem já ouviu falar dele provavelmente o viu caracterizado como “o Youtube japonês”. Uma grande quantidade de vídeos de Vocaloid é enviada para ele todos os dias, alguns feitos por amadores, que ganham reconhecimento na vitrine que é a internet. Outros por profissionais, já conhecidos, que trazem consigo um público que já os acompanhava. Tem muita gente de talento no meio, não apenas músicos, mas também desenhistas, animadores, escritores, cantores. Esses cantores amadores também fazem upload de seus covers de músicas de Miku e outros. Provavelmente o mais bem sucedido deles seja Piko (ouピω゚コ, esse é o nome artístico dele, sério), que tem até seu próprio Vocaloid. É exatamente o caminho inverso do que aconteceu no início dos sintetizadores (e você provavelmente já ouviu essa música, um dos covers mais famosos).

Dentre os milhares de merchandisings da marca estão jogos, feiras ondes os produtores vendem seus CD’s, figures, mangás e… os shows. O primeiro que utilizou a tecnologia de projeção 3D numa tela quase transparente (aquela que você viu no Fantástico) foi em 2009. Em 2011 o Mikupa Live in Sapporo foi exibido em cinemas de vários países, inclusive no Brasil, em São Paulo.

Até agora já existem mais de 36 bancos de voz lançados, contando com os Appends (espécie de upgrade em um banco de voz já existente, que adiciona mais variações de suavidade, por exemplo) e mais 6 anunciados. É com certeza uma onda não terá fim nas próximas décadas.

Para terminar, um ótimo vídeo de uma das minhas produtoras favoritas: