O renascimento de um gênero: dream pop

Por Gabriel Soares

3. dream pop

Music that makes you think about things like unicorns and lasers and flying through space, characterized by faraway vocals, droning basslines, echoing percussion, etc.

Essa é a melhor e mais sincera definição que eu encontrei sobre o gênero – do site urbandictionary.com (esse site é ótimo, acreditem). O dream pop é um subgênero do rock alternativo, marcado pelos vocais etéreos (geralmente femininos), letras introspectivas e texturas atmosféricas.

A grande influência para o gênero é a clássica Sunday Morning do Velvet Underground, e os Cocteau Twins e seu álbum Treasure, de 1984, são considerados os precursores dessa nova era de sons atmosféricos e pessoas sonhadoras. Liz, a vocalista da banda, cantava de forma tão etérea e abstrata que as pessoas diziam que as músicas não tinham letra, e que, se tinham, não sabiam em que língua Liz cantava.

O berço do gênero foi na gravadora 4AD: o supergrupo This Mortal Coil e os góticos do Dead Can Dance saíram de lá.

O dream pop atingiu seu ápice no começo da década de 90; foi quando ele e o shoegaze começaram a se fundir e confundir: os épicos Loveless, do My Bloody Valentine; Souvlaki, do Slowdive; e Going Blank Again, do Ride, são os álbuns mais representativos dessa linda época. Essas bandas mantiveram os aspectos flutuantes do dream pop e adicionaram os efeitos sonoros advindos do barulho urbano do pós-punk.

A partir de 1995, a coisa deu uma esfriada. A maioria das bandas do gênero se desmembrou nessa época. Chapterhouse, Slowdive, Pale Saints, Ride, Lush, My Bloody Valentine e Cocteau Twins são apenas alguns exemplos de bandas que nos deixaram órfãos nesses tristes anos.

O gênero só foi ser redescoberto a partir da segunda metade da década seguinte. Nesse meio-tempo, algumas bandas (entre elas The Radio Dept. e Azure Ray) mantiveram acesa a chama do dream pop. A partir de 2007, houve uma explosão de bandas de dream pop – Lower Dens, Twin Sister, School of Seven Bells, Wild Nothing e The Pains of Being Pure at Heart são os principais exemplos. A consagração do gênero veio com o aclamado Teen Dream, do Beach House. Um álbum digno dos tempos áureos do gênero. Na minha opinião, um dos melhores (senão o melhor) álbum da década passada.

Claro que essa safra de bons artistas deu ao gênero um hype, status de cool, hipster, indie ou qualquer outro adjetivo inútil semelhante, o que deu uma banalizada ao estilo. Artistas como a contestável Grimes e o enfadonho e mais contestável ainda Twin Shadow aparecem como sendo do gênero.

O grande lance do dream pop é viajar sem sair do lugar – e nos lembrar que, mesmo que em tempos de workaholics, consumo em massa, violência, poluição e Copa do Mundo, ainda há espaço para “unicórnios e lasers e voar pelo espaço”.

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